“A exclusão de crianças com deficiência não acontece por acaso, ela é resultado da escolha coletiva de não se envolver.”
- CHAT21

- 28 de jun
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Atualizado: 7 de jul

Vivemos em uma sociedade que está aprendendo a valorizar a inclusão, mas muitas vezes, só no discurso. Quando falamos em diversidade humana, especialmente sobre crianças com deficiência, é comum vermos ações restritas à sala de aula, como se a presença física bastasse para garantir o pertencimento. Fora dali, no pátio, nas atividades extracurriculares, nas festas escolares ou até nos grupos de pais, o cenário muda: a criança é esquecida, ignorada ou “não se encaixa”.
Há uma preguiça velada, porém constante, em lidar com o que exige mais do que o básico. Entender as especificidades do outro exige tempo, paciência e, principalmente, vontade de sair da própria zona de conforto. E é justamente aí que muitos falham. A empatia, que deveria ser prática, virou apenas um conceito bonito, repetido em frases prontas e discursos de efeito.
Não se trata apenas de falta de preparo ou desconhecimento. Muitas vezes, trata-se de uma recusa ativa: não querer aprender sobre acessibilidade, não querer adaptar uma brincadeira, não querer conversar com os pais da criança com deficiência. Como se o tempo despendido para incluir alguém fosse um atraso de vida — um obstáculo no caminho da rotina ideal. E assim, sob a desculpa da correria do dia a dia, da falta de tempo ou de “não saber como agir”, as portas vão se fechando — silenciosamente, mas com força.
“Não adianta os pais de crianças sem deficiência ensinarem empatia aos seus filhos, se eles mesmos não criam oportunidades para que suas crianças convivam com a diferença.”
A inclusão começa nos encontros — e eles precisam ser intencionais.
Inclusão não acontece no vazio. Ela exige convivência real, convivência possível. É incoerente cobrar empatia das crianças sem antes rever a omissão e o distanciamento dos próprios adultos. Inclusão é ampla e sistêmica — não é responsabilidade exclusiva de um órgão público, nem algo que deve recair apenas sobre os professores ou as outras crianças. É um compromisso coletivo, diário e de todas as pessoas envolvidas na comunidade.
É preciso lembrar que inclusão não é favor. É um direito. Além disso, a comunidade escolar é muito mais do que a sala de aula: é a convivência no recreio, nas rodas de conversa, nas excursões, nas relações entre famílias. A inclusão real só acontece quando todos se responsabilizam — e isso implica esforço.
E o que você pode fazer, na prática?
Convidar famílias de crianças com deficiência para participar dos grupos e eventos da escola.
Perguntar, com respeito, sobre as necessidades específicas da criança — os pais são grandes aliados nesse processo.
Estimular o convívio real entre as crianças, criando espaços de troca e acolhimento que envolvam todos.
Propor atividades adaptadas e abertas à diversidade, sem medo de errar — errar tentando incluir é sempre melhor do que se calar.
Questionar atitudes excludentes entre adultos e crianças, e oferecer novas formas de agir.
A inclusão não é espontânea: ela exige intenção, ação e presença contínua, e a diversidade não é um desafio a ser evitado, mas uma riqueza a ser acolhida. A verdadeira empatia começa quando a gente se dispõe a aprender, mesmo que isso exija tempo, mesmo que nos tire do automático. Porque ninguém é excluído por acaso — a exclusão é sempre resultado de uma escolha: a escolha de não se envolver.
Incluir não é só deixar entrar. É fazer caber.
Gabriela Laborda
@chat21insta - chat21.com.br
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